Ela disse uma porção de vezes que espera que fiquemos bem depois de tantas palavras de despedida. Eu não entendo porque tantas palavras pra então, ir embora.
Disse que não quer me perder enquanto me deixa mergulhar num líquido espesso, escuro, talvez seja café mal passado, talvez seja só o passado...
Ela disse, mais de uma vez, sobre não ter certeza de nada mas amplifica por todo o oco da sala o silêncio certeiro de me ver indo embora.
"Eu não volto mais, linda minha. Eu não volto mais."
Em alguma instância ela sabia disso, eu a convidei pra dançar uma porção incontável de vezes, mesmo quando minhas pernas doíam tanto.
São pedaços de mim que não voltaram, que se espalharam com o vento, mesmo sendo pedra bruta.
E eu a vejo assim, olhando pra mim, vendo aqui o que não floresce aí.
E o sol, com seus feixes de luz tão bem distribuídos me fizeram a amar em silêncio. Enquanto ela dormia, no calor morno das manhãs, no meu quarto ou no dela, eu costurava os retalhos coloridos e surrados pra que no inverno a manta estivesse pronta pra aquecer os pés dela.
Talvez seja esse libra solar, ou a venus virginiana, mas é no costurar diário dos retalhos, nas picadas incômodas da agulha e na desordem das medidas que eu vejo amor.
Que o inverno seja ameno, quando ela fizer anos.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
A despedida
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