segunda-feira, 18 de abril de 2016

Minha sombra desperta minhas assombrações, as pessoas são tão tolas por andarem por aí com um cigarro entre os dedos e no entanto estou fazendo disso meu alívio imediato. Me sinto obscura, e começo a compreender os clichês da introspecção. Derrubo as cinzas em mim, sou cinza da cabeça aos tornozelos, meu pés continuam amarelados e frios. O copo de vidro na mão direita é tentação para desmembra-lo até que os cacos me perfurem a alma. Eu sou essa alma que insisto em tratar em terceira pessoa, o amor não, ele se torna cada vez mais terceirizado. Ele pode desatar, ele, que é masculino, que maltrata e desqualifica, ele, e todos os eles que eu não quero mais que existam.
Todos me acham tão bem acompanhada, cercada por todos os lados, dizem que eu tenho um sorriso largo, um abraço largo, costas largas, coisas de quem é vivaz. Mas eu sou solidão aqui dentro, perpetuadora de ecos, acumuladora de lembranças, estrelas que não brilham mais, nem por alguns segundos. Eu sou um grande e extenso desabafo, desalinho, desconcerto, e faço meu ninho em qualquer pedaço de carne que me dê carinho. Eu não sou especial, e piso em falso nos corações de quem amo, e na contradição de quem não sabe mais o que é o amor, de quem talvez nunca soube, continuo amando em doses cavalares.

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