domingo, 8 de maio de 2016

Os minutos

Tenho dez minutos pra expurgar essa inconstância, dez minutos que logo se fazem nove pra sentir essa avalanche e deixar que me abandone.
Daqui oito minutos tenho que voltar ao trabalho; semblante firme, corpo ereto, sorriso no rosto e nenhum vestígio das mazelas da mente.
Tudo aqui me lembra você e você é grande, preenche todos os espaços, me deixa sem ar.
Teu percurso, meu resguardo, tudo escancarado, nada nos pertence, é tudo do mundo inteiro e eu pela metade, fracionada peço para que o relógio digital estacione, nada se faz real na eloquência do meu discurso vazio, ele não para, os trens não param, as pessoas não param e eu sou arrastada de lá pra cá.
Quatro curtos minutos; meus braços doem, meus olhos querem descansar, meu coração se desfaz como papel e água, vira pó.
Três, dois minutos e eu me recomponho, guardo a saudade, troco essa postura de quem pede socorro por uma de quem socorre, eu ando rápido, não corro.
Quinze horas, o pôr do sol esta a caminho e o domingo te levando de mim, me levando de mim, pra te encontrar na não matéria.

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