Às vezes é difícil falar qualquer coisa, às vezes basta olhar nos olhos, sentir a textura da pele, as nuances, a penugem, o contorno do sorriso e a delicadeza do choro contido. Isso me bastou hoje, e suas palavras, poucas e tantas, foram certeiras, não tenha dúvida disso.
Quando você leu que não poderia estar comigo agora porque precisa cuidar de si mesma eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse: essa é a coisa mais bonita e corajosa que ouvi nos últimos tempos. Quando eu chorei (e realmente não pude conter as lágrimas) o fiz por sentir que era a coisa certa a se fazer, e porque vou sentir saudades, porque te ter aqui pertinho foi como uma poesia, como uma música bonita nos fones de ouvido enquanto os olhos degustam um pôr-do-sol. Sua chegada foi uma bagunça ritmada, um vento gostoso que acaricia e arrepia toda a pele, eu quis muito dizer que não, que não te deixaria entrar e tudo que eu consegui foi me perder dentro dos seus olhos fugitivos.
Claro que eu queria que fosse diferente, que tivéssemos nos encontrado em outro momento, que eu tivesse um coração menos machucado, que eu não sentisse tão profundamente todas as minhas cicatrizes, e queria pensar diferente mas eu realmente acho que foi melhor você não ter conhecido mais profundamente todo o meu caos. Eu sou poço fundo, linda, fundo demais e estar contigo era como flutuar para além das nuvens desse céu acinzentado.
Busca teus pedaços partidos e perdidos, se refaz, se faz inteira pra si mesma, pra que teu sorriso te encante como encantou a mim, porque você se encantaria se pudesse enxergar tudo que eu enxergo quando olho pra você, é carinho pra alma.
Ainda escrevendo, muita coisa me vem a cabeça mas não consigo organizá-las aqui, é como se pela primeira vez a ausência de palavras e explicações fizessem um sentido único, e eu não paro de pensar que "tudo bem, vai ficar tudo bem".
Existe dor, sim, existe. Mas não é você que a traz, são minhas lembranças facilmente ativadas, são minhas feridas e as tantas despedidas que já fiz nessa vida. São as inseguranças e o medo de errar, de falhar, de estar mutilada, medo da minha própria cabeça, da minha inconstância, é dor de fechar mais um ciclo, de deixar dissolver sem prender nada. Aí dói, mas logo logo sara, porque dessa vez eu quero olhar a cicatriz, daqui um tempo, e pensar: essa aqui foi uma história bonita, ao lado de uma garota que brilha em furta cor, foi repouso pros meus olhos e pés cansados em meados do inverno de dois mil e dezesseis.
Me ouve falar baixinho, ao pé do ouvido : Meus dedos ainda podem sentir as constelações em auto relevo por teu corpo quando fecho meus olhos.
Que os sonhos sejam bons, menina!
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