É a sensação da descoberta, do desvendar minucioso e lento do corpo de uma outra mulher. Os passos cativos que os dedos dão, um após o outro, o arrepio, os espasmos calmos de quem sabe que não há atemporalidade que carregue a sensação morna da fusão desses corpos.
Eu dentro dela, ela dentro de mim, o toque translúcido de quem toca a outra como a si mesma, o desbravar inquieto de um universo escondido, tantas vezes violado, tomado de nós com brutalidade e coerção.
Sinta o tecido macio, o caminho apertado, a umidade aquecida e inebriante nos dedos compridos, nas mãos que ergue a Labrys. Eu escorro como correnteza por minhas próprias pernas enquanto estou entre as dela. Há uma florescer intenso de ancestralidade quando uma mulher se permite ser penetrada pelas mãos de outra mulher, os olhos transformam-se em caminhos luminosos e úmidos, são as guerreiras, as bruxas, as curandeiras, as feiticeiras,são suas almas nos fortalecendo e nos dizendo que eles podem nos queimar, nos perfurar os corpos e as almas, nos esconder e exorcizar, mas renasceremos cada vez que uma mulher se conectar consigo mesma, mesmo que refletida nos olhos e na alma de uma outra. Nossa fusão é revolução!
A lágrima desce, morre no final do pescoço longo, dói ser despida no mundo onde é preciso esconder-se para caminhar, dói ser respeitada quando se espera brutalidade de todos os lados, dói poder escolher entrar no labirinto infinito de nossas próprias histórias.
E os gemidos angustiados, as pernas tremulas, o fluxo de sangue a inchar os lábios, a doçura enfeitiçada dos líquidos demoníacos que escorrem e dissolvem toda a toxidade.
Tua pele, meus poros, teu caos, meu carma, minha alma, e tuas mãos a me pedir socorro num aperto cativo.
E o gozo, o estremecer, a reticência da noite de lua cheia a gritar em eco ao vão do mundo: lesbiandade é a revolução em movimento!
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Revolução em movimento
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