Quando seu coração se desmanchou e escorreu como suor por todo seu corpo eu me fiz tecido permeável pra te acolher e te mostrar que se desmanchar, as vezes, é se refazer.
A verdade é que parte de mim se perdeu em você, minhas células confusas migraram pra sua corrente sanguínea e me vejo fluindo por suas veias enquanto mantenho meu solilóquio.
Há pouco pra se entender quando um corpo é capaz de unir as partes fragmentadas de um outro corpo: não é poesia, é organicidade.
Te embalo ainda nos meus braços num intuito metafísico de embalar a mim mesma. Eu chorei contigo o perdão que não dei a mim mesma dez anos atrás e senti o gosto do seu medo como nunca pude sentir o meu.
Eu sei que dói, dói absolutamente tudo, rasga a alma ao meio, e eu não esqueço suas mãos coladas ao peito como quem tenta conter a hemorragia.
É isso, pequena, sensibilidade é hemorrágica, e só o tempo te ensina a manter o fluxo e a respiração.
Eu me sinto desgastada por mim mesma, corroída pelo tempo e pela exposição, mas faço de mim barragem, e sinto que me rompi ao tentar conter suas águas turvas.
Estou inundada, de mim, de você, do caos de nossas mentes.
Eu sou ferrugem e você tinha fresca.
quinta-feira, 7 de julho de 2016
Tinta sobre ferrugem
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