É assim que vem a lembrança: sem previsão, arrombando a porta, inundando os olhos que não estão preparados pra enxurrada.
Te trouxe pra mim em fevereiro de 2008, isso eu não esqueço, acredito que nem você. Cada detalhe daquele dia que parou o tempo está tatuado em nossas almas, e que fiquei aqui, é parte de mim, tudo bem.
Mas hoje, quando eu lembrei que é seu aniversário, me veio a arrebatadora lembrança da gente dançando com as mãos, nossas risadas ao perceber que seus gestos eram mais grosseiros que os meus. Ficávamos longo tempo brincando de dançar com as mãos e nossos olhares vagando entre os dedos e o teto, eram como grandes iluminadores, eu podia sentir o mundo refletido, desdobrado. Há quem diga que tudo isso é muito triste, talvez seja, mas apesar do susto, quando eu lembro do que fizemos com a simplicidade dos nossos movimentos, como fomos capazes de amar os mais breves segundos, eu sinto alguma paz.
E foram nesses momentos tão sublimes que me fiz tão inteira ao teu lado. Eu sei que você atravessaria o mundo pra me amar naquele nosso tempo, eu sei que você me protegeria de qualquer tormenta e faria do inferno um ninho confortável pra que eu dormisse sem medo. Eu sei de todo amor que você não só sentiu, mas vibrou, pulsou, criou por mim.
Você é alma colhida em campo de flores raras, é eco de amor num mundo vazio.
E que a beleza sutil das mãos dançantes possa ser multiplicadora como ondas sonoras.
E que nesse movimento minhas palavras sussurradas atravessem a cidade e preencham teu coração: que aquele amor que hora feriu tanto possa ser também cura pra que um dia eu possa convidar tua mão direita pra dançar de novo.
Será que somos melhores dançarinas hoje?
Feliz 28, feliz recomeço.
Te amo, bê.
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